Vivendo e aprendendo

Por Antonio Carlos R. da Silva

É voz corrente que temos muito a aprender com as crises e agora, no turbilhão dessa pandemia, não seria diferente. Quando se fala em aprender, subentende-se que algo está sendo ensinado. Vamos explorar um pouco essa relação ensino -aprendizagem e sua aplicabilidade nas organizações sociais.

Enquanto ensinar implica em expor informações e conhecimento, aprender exige a motivação. Lembra o consultor empresarial Wellington Moreira, “as facilidades do mundo moderno só ajudam quem está realmente motivado para aprender. Sem o "para quê?" inexiste a curiosidade intelectual que se espera de um aprendiz, a ignorância do dia a dia não é vista como um mal e tampouco você encara os inevitáveis erros ao longo do caminho como parte do processo”. O “para que?” diz respeito ao indivíduo e à empresa. Ao líder e ao sindicato em que atua.

Com objetivos que sejam desafiantes e compartilhados todos buscam patamares mais elevados. Quem tem um porquê, enfrenta qualquer como (Viktor Frankl). É necessário agregar mais quatro ingredientes interligados nesse processo de aprendizagem para que esses objetivos comuns sejam perseguidos e atingidos.

O primeiro consiste na revisão das crenças, nossas e de cada sindicato. São os modelos mentais nos quais nos apoiamos para as tomadas de decisão. Ações baseadas em premissas falsas só podem levar ao erro. É importante rever e avaliar nossas crenças pois elas nos ajudam o atingir os objetivos comuns. São elas que forjam a cultura de cada entidade de classe. Estamos presenciando diferentes crenças na forma de agir com o Covid e suas consequências.

A segunda é o reconhecimento de que cada um de nós está sempre fazendo toda a diferença. A mídia tem mostrado ostensivamente pessoas fazendo toda a diferença na estratégia de combate ao vírus. Para o bem e para o mal, e a opção é de cada um. Esse é o exercício da maestria pessoal que deve ser continuamente aperfeiçoado.

O terceiro é a aprendizagem que o coletivo proporciona. Ele está sempre emitindo sinais e o líder deve exercitar sua maestria pessoal em saber ouvir o coletivo. O desafio é entender o coletivo hoje com tantos interesses conflitantes e até antagônicos (econômicos, sociais, políticos) no trato com uma doença ainda sem cura. Importante: vivemos em rede e estamos nelas não para nos fortalecer mas, sim, para fortalece-las.

Por último, pensar o todo e pensar futuro. Exercitar sempre o pensamento sistêmico e o pensamento estratégico através dos quais são traçadas ações efetivas na busca do bem comum. Pensar o todo com consciência do pertencimento. Somos parte da Terra e dela dependemos.

Refletindo sobre esse ingrediente pode-se observar como ele foi e está sendo praticado hoje no mundo e em nosso país.

Esses cinco ingredientes, Objetivos Comuns, Modelos Mentais, Maestria Pessoal, Aprendizagem Coletiva e Pensamento Sistêmico/Estratégico, compõem as disciplinas de aprendizagem sugeridas por Peter Senge que devem ser exercitadas simultânea e constantemente pelo líder. Os ensinamentos sempre estarão disponíveis, mas só aprende quem quer ou, como lembrado no início, quem tem perguntas e a primeira é: “para que”? Respondo: para que possamos, através das nossas entidades, contribuir para um mundo melhor.

Felipe Pacheco